Berçário - Socialização e adaptação da criança

Nos dias de hoje, em que a mulher assume cada vez mais actividades fora de casa, é comum as crianças ficarem a cargo de terceiros mais cedo.

A adaptação da criança está na dependência da orientação do pessoal do berçário, que deverá conhecer as suas necessidades básicas, as suas características evolutivas e ter informações quanto aos aspectos da saúde, higiene e nutrição infantil (todas estas informações devem ser passadas pelos pais em entrevista prévia através da anamnese). Desta forma, a socialização da criança desenvolve-se harmoniosamente, adquirindo superioridade sob o ponto de vista da independência, autoconfiança, adaptabilidade e rendimento intelectual.

As actividades programadas devem basear-se nas suas necessidades e interesses: as crianças são ávidas para explorar, experimentar, coleccionar, aprendem depressa e desejam exibir as suas habilidades.

As actividades têm como objectivo a estimulação de diferentes áreas, como a: percepção visual, coordenação motora, percepção auditiva, linguagem, percepções gustativas e olfactivas, percepção táctil, Educação Artística e Educação Física; que integram o processo de aprendizagem da criança com o processo de socialização.

Caberá à Instituição estimular e orientar a criança, considerando os estágios do seu desenvolvimento, aceitando-a e desafiando-a a desenvolver-se. A criação de um ambiente que estimule a actividade criadora da criança, além de contribuir para o seu desenvolvimento global, favorece igualmente a aproximação da criança à realidade escolar.

Porém, o desenvolvimento da criança deve ser acompanhado, principalmente, pelos pais, pois o Berçário é apenas um suporte facilitador de todo o processo. Cabe também aos pais acompanhar a rotina do seu filho através das reuniões e horários de atendimento do berçário.

Informações sobre o processo de adaptação no Berçário:
1 - A vinda da criança para a Instituição deve ser preparada;
2 - A separação, apesar de necessária, é um processo doloroso tanto para a criança quanto para a mãe, mas é superada em relativamente pouco tempo;
3 - Devem-se procurar evitar grandes alterações durante esse período de adaptação: mudança de residência; retirada da chucha ou das fraldas; mudança das mobílias do quarto da criança; etc.;
4- O facto da criança chorar na hora da separação é frequente e nem sempre significa que ela não queira ficar na escola;
5- A ausência do choro não significa que a criança não sinta a separação. Não é necessário encarar esse facto com ansiedade, pode até ser um bom sinal;
6- Sempre que possível, é benéfico que seja a mãe a entregar a criança à educadora, colocando-a no chão e incentivando-a a ficar na Instituição. Não é recomendável deixar a educadora com o encargo de retirar a criança do colo da mãe;
7- Nunca saia "escondida" do seu filho. Despeça-se naturalmente.
8- A sala do Berçário é um espaço que deve ser respeitado e a sua presença nela, além de dificultar a compreensão da separação, fará com que as outras crianças "reclamem" a presença das respectivas mães;
9 - Lembre-se que a equipa do Berçário trabalha com crianças em grupo, procurando distribuir a sua atenção pelos diferentes bebés;
10 - Se os pais confiarem na Instituição e nos seus trabalhadores, sentirão segurança no momento da separação e, esse sentimento, será transmitido ao bebé, que suportará melhor a nova situação;
11 - O período de adaptação varia de criança para criança, é único e deverá ser respeitado;
12 - Poderão ocorrer algumas regressões de comportamento durante o período de adaptação, assim como alguns sintomas psicossomáticos (febre, vómitos etc.);
13 - Nesta fase, é comum verificar-se, por parte do bebé, uma ambivalência de sentimentos: o desejo de autonomia e a sua necessidade de protecção ocorrem simultaneamente;

Dúvidas Quanto à Adaptação no Berçário:
Ao deixar uma criança no Berçário, é frequente o aparecimento de sentimentos de culpa, insegurança, ansiedade e ciúmes pelo "abandono" da criança. Se sentir-se deprimida por esse sentimento procure discuti-lo com o Psicólogo da Instituição.

Habitualmente, até os sete meses, não se verificam grandes de problemas de adaptação, pois o bebé não distingue, visualmente, a sua mãe de outros adultos estranhos. A partir dos 8 meses o bebé passa pelo período de "Angústia do Estranho" (nível de maturação que permite ao bebé distinguir a diferença visual entre o conhecido e o desconhecido). Durante essa fase, a adaptação pode ficar mais difícil e demorar um maior período de tempo.

Em caso de dúvidas quanto ao comportamento do seu filho ou quanto às condutas adoptadas pela Instituição, procure a informar-se junto das pessoas que lidam com a sua criança ou de um Psicólogo, que estarão sempre à sua disposição para esclarecer e ajudar sempre que necessário.